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Fake News
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O que são Fake News?

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otícias falsas (sendo comum o uso do termo em inglês Fake News) consistem na distribuição de notícias produzidas à base da desinformação ou de boatos que buscam maior número de audiência

através de divulgações exageradas de fatos e acontecimentos, sem compromisso com a verdade.

Eugênio Bucci, jornalista e professor da Escola de Comunicação e Artes da Universidade de São Paulo (ECA/USP), explica: "O termo Fake News deveria ser produzido por nós como notícias fraudulentas e não apenas como notícias falsas. Fake News não é sinônimo de mentira como tem sido disseminado. Uma notícia verdadeira elaborada por uma redação profissional pode conter inverdades, imprecisão e até mentira, mas ela ainda será uma notícia verdadeira com erro ou com má intenção. A questão é: não há outro caminho. O advento das Fake News acontece exatamente no vazio deixado pela investigação jornalística".

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Se houvesse um atendimento pleno

correspondente às necessidades da

democracia do serviço jornalístico, não

haveria espaço para propagação do que

nós estamos chamando de Fake News.

 

Eugênio Bucci - jornalista e professor da Escola de
Comunicação e Artes da Universidade de São Paulo (ECA/USP)

Segundo o dicionário Merriam-Webster, o termo Fake News existe desde a década de 1890. Porém, a expressão se generalizou em novembro de 2016, durante a eleição presidencial norte-americana, quando o editor de mídia do site Buzzfeed, Craig Silvermann, identificou uma onda de informações falsas vindo da cidade de Veles, com 43 mil habitantes, localizada na Macedônia. Graças ao trabalho do editor, constatou-se a existência de pelo menos 140 sites de notícias falsas que estavam atraindo muitos cliques através do Facebook.

A cidade do leste europeu podia não estar interessada na política americana, mas pensando no dinheiro proveniente de publicações online e anúncios, tinham a intenção de que suas histórias fictícias tomassem repercussão nas redes sociais. A eleição presidencial americana – e especificamente Donald Trump, candidato à mesma – seria perfeito para isso.

Eleição americana -
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Tai Nalon, Diretora executiva e Cofundadora do AosFatos.org

O problema se dá quando notícias falsas geram peso relevante na vitória de um presidente, como no caso do republicano: segundo estudo do BuzzFeed, durante os três meses que antecederam a votação, as 20 notícias falsas sobre a eleição americana com maior número de visualizações no Facebook geraram mais visualizações (8,7 milhões) do que as 20 notícias reais com mais reações publicadas por grandes veículos.

Quando as notícias são falsas, as decisões são erradas. Como foi o caso da dona de casa Fabiane Maria de Jesus, de 33 anos, que foi espancada até a morte por moradores de sua cidade, Guarujá, no litoral de São Paulo, em maio de 2016. Um boato gerado por um jornal local publicou um retrato falado da dona de casa, afirmando que a mesma sequestrava crianças para utilizá-las em rituais de magia negra.

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Parte 1 - Ivan Paganotti
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Ivan Paganotti, Doutor em Ciências da Comunicação pela Universidade de São Paulo

Criada em setembro de 2016 por uma parceria da Agência Lupa, Twitter, Facebook, Youtube e mais de 40 plataformas, a iniciativa First Draft News aponta atualmente seis definições diferentes de Fake News: sátira ou paródia, quando não existe a intenção de prejudicar, mas tem potencial para enganar; conteúdo enganoso, quando há uso enganoso de informações para enquadrar uma questão ou indivíduo; falsa conexão, quando manchetes, ilustrações ou legendas não confirmam o conteúdo; falso contexto, quando o conteúdo genuíno é compartilhado com informação contextual falsa; manipulação de contexto, quando informações ou imagens genuínas são manipuladas para enganar; conteúdo impostor, quando fontes genuínas são imitadas; e conteúdo fabricado, quando ele é novo, totalmente falso e foi criado com o intuito de ludibriar e prejudicar.

Há projetos e instituições brasileiras como o Projeto Comprova, os sites Boatos.org, Aosfatos.org, E-farsas e a Agência Lupa, que se propõem a checar notícias e julgá-las falsas ou verdadeiras. De acordo com Edgard Matsuki, os tipos de boatos mais difundidos são os relacionados à política, saúde e economia, mas isso não quer dizer que as redes sociais estão de fora do alvo da desinformação. "Os boatos mais ligados às redes sociais costumam aparecer no formato de um suposto vírus no WhatsApp, um aviso falso de alteração da privacidade no Facebook ou até a forma correta de se utilizar esses aplicativos”, explica Matsuki.

O WhatsApp, por exemplo, anunciou em julho deste ano a sua primeira grande iniciativa para combater notícias falsas em sua plataforma. A empresa ofereceu bolsas de estudos para pesquisadores que quisessem se dedicar a entender o fenômeno. Os leitores também vêm se tornando mais atentos: o estudo “Trust in News”, realizado pala Kantar no Brasil, Estados Unidos, Reino Unido e França, aponta que três em cada quatro leitores de notícias verificam dados de uma notícia independente, enquanto 70% reconsideram o compartilhamento de uma matéria por receio de que ela possa ser falsa.

No vale tudo das eleições gerais em 2018, os projetos e veículos de comunicação ganham trabalho com as Fake News. Os exemplos são diversos: no dia 4 de outubro, a agência de checagem de fatos Aos Fatos divulgou um texto explicando que não foi responsabilidade do ministro Fernando Haddad a distribuição do livro no qual um dos textos se tratava de incesto – acusação essa que foi disseminada por redes sociais. A mesma agência também desmentiu a afirmação de Jair Bolsonaro, à época candidato à presidência da República, no dia 30 de setembro, de que o ato em apoio a ele teria reunido 1 milhão de pessoas na Avenida Paulista, em São Paulo.

Vale tudo nas eleições -
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Edgard Matsuki, idealizador e editor do Boatos.org

A proximidade das eleições aumentou a demanda do público por informações sobre os candidatos. O que provocou uma busca tanto por informação de qualidade, quanto por desinformação. Danilo Cersosimo, diretor de Opinião Pública no Instituto Ipsos, comenta em entrevista ao jornal Destak: “A pesquisa mostra que houve uma redução da confiança nos políticos e um aumento do uso indevido dos fatos. Um ponto positivo é que o conhecimento político das pessoas está se mantendo”.

Segundo a pesquisa, o Brasil é o sexto país (64%), onde as pessoas mais acreditam que a quantidade de mentiras e utilização errada dos fatos na política e na mídia está maior do que há 30 anos. À sua frente, estão África do Sul (71%), Estados Unidos (69%), Suécia (68%), Peru (67%) e México (66%).

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Fonte: Destak

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